Memórias dos tempos de estudante

A propósito do Dia Internacional do Estudante, que se assinala no dia 17 de novembro, fomos procurar histórias dos tempos de estudante junto da comunidade do IPC. Memórias daqueles que foram estudar para longe de casa ou que voltaram a estudar numa fase mais madura da vida, dos que atravessaram o oceano para estudar connosco ou dos que foram para o estrangeiro, dos que estudaram numa escola do IPC e hoje cá trabalham e daqueles que agora vivem essa experiência. Em comum, as boas recordações, os desafios superados e os amigos para sempre desses tempos que nunca se esquecem.

 

CRISTINA AGREIRA

48 anos

Estudou no IPC e hoje é Professora Adjunta no Departamento de Engenharia Eletrotécnica do ISEC

 

Doutorada em 2010, Mestrado em 2004 e licenciada em 1999, em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Bacharel em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra em 1997. Posso dizer que estudei em dois dos melhores estabelecimentos de ensino superior ao nível do ensino da Engenharia Eletrotécnica.

Os tempos de estudante são sempre profícuos em memórias. No entanto aquilo que mais me vem à memória foram sem dúvida os tempos de associativismo estudantil, as lutas enquanto aluna do ISEC para o reconhecimento da qualidade do ensino no Politécnico. Recordo ainda, todo o espírito académico que vivi nos dois estabelecimentos de ensino onde estudei. Fazem-se amizades para a vida.

Trabalhar no sítio onde se estudou é antes de mais um grande desafio, mas tive colegas fantásticos que tinham sido meus professores que me acolheram de uma forma muito positiva. Hoje ao fim de 21 anos é um orgulho para mim ser Professora Adjunta no ISEC/DEE, ter sido a primeira mulher a obter o Grau de Doutor no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e ter também sido a Primeira mulher a ser Presidente de Departamento durante os últimos quatro anos.

 

CHESTER MARTINS

43 anos

Natural do Brasil

Estudante Internacional no 2.º ano da Licenciatura em Marketing na ESTGOH

 

Por estar no mercado de trabalho e já atuar na área há muitos anos, eu tenho o Marketing como um dos grandes amores da minha vida. E, apesar de Portugal e Brasil partilharem de muitas coisas em comum, a cultura é diferente. E isso, para uma pessoa como eu, que quer cada vez mais conhecer e perceber diferentes interpretações e entendimentos sobre Marketing, vir para cá era uma opção incrível. Ao buscar informações sobre a instituição, pude confirmar que cá estava tudo o que buscava: proximidade com os professores, tranquilidade para estudar, qualidade no ensino e diversidade cultural. Isso não tem preço.

Estudar em um país diferente não é tão fácil como a maioria das pessoas imagina. Oliveira do Hospital é um lugar lindo, a ESTGOH oferece as condições necessárias para a minha formação. Mas tudo isso graças às pessoas. Colegas de sala de aula que me acolheram de forma tão incrível, tão humana…

Há poucas semanas, participei de um evento (Portugal Space Summer School), onde pessoas de todo o país participaram num concurso onde teríamos que criar um negócio utilizando a chamada “economia do espaço” e a minha equipe venceu a difícil competição. E fiquei muito orgulhoso em partilhar que resido em Oliveira do Hospital e estudo na ESTGOH. Obrigado, pessoas da ESTGOH!

 

FERNANDA ALBERTO

Estudou no IPC e hoje é Professora Coordenadora no ISCAC /Coimbra Business School

Fui aluna do ISCAC quando o ensino nos Institutos Politécnicos ainda se organizava em Bacharelato e posteriormente, mediante candidatura e sujeito a numerus clausus, se podia realizar o CESE, que atribuía o grau de licenciado.

Nesse contexto, realizei o Bacharelato em Contabilidade e Administração e, seguidamente, o CESE em Controlo de Gestão. O grupo de alunos no ISCAC, especialmente no regime noturno que eu frequentava, era reduzido e, em geral, assíduo nas aulas, o que permitia criar um sentimento de companheirismo e de “família”. As tecnologias não nos facilitavam como agora os contactos entre colegas, mas as relações de amizade geradas eram (e foram) para a vida.

Iniciei a docência, primeiro a tempo parcial, em maio de 1998, para lecionar uma unidade curricular do CESE, por isso, um grande desafio. Fui encontrar como alunos alguns anteriores colegas de curso o que, para quem está a iniciar-se, pode por vezes gerar constrangimento. Acresce que era uma “cara muito jovem” entre alunos, em regra, com mais idade e background de experiência profissional. Mas, ao mesmo tempo, era uma sensação de “minha casa”, pois continuava num espaço e com pessoas que já me eram familiares.

 

RITA VIVIANA

24 anos

Estudante no 3º ano de licenciatura em Biotecnologia na ESAC

Escolhi esta instituição porque estudar no meio da natureza e em Coimbra parecia demasiado utópico, então decidi arriscar para ter a certeza. A minha vida como dirigente associativa e presidente do núcleo do meu curso, vão ser para sempre as minhas melhores memórias da vida académica. Sentir que pude contribuir de alguma forma na vida de outros estudantes e ainda assim divertir-me imenso… acho que não podia pedir melhor. Vivi o máximo que pude e que consegui!

Agora estou em ERASMUS, em Istanbul, mas trouxe comigo às costas as lições que aprendi e no coração os meus amores, os meus amigos. Por falar em amigos, os meus são incríveis! Espero que vivam esta jornada comigo! Desde a praxe até ao meu núcleo, passando pela AE, e não esquecendo aqueles que conheci só porque sim, posso dizer que tenho uma mão cheia e agradeço a todos eles o companheirismo, o apoio e acima de tudo, o carinho que me deram e dão.

 

EDVANE MONTEIRO

19 anos

Natural de Cabo Verde

Estudante Internacional no 2.º ano de Gerontologia Social na ESEC

O meu sonho sempre foi estudar fora do meu país. Quando chegou o momento de decidir fiz algumas pesquisas e depois de ver a oferta formativa do Politécnico de Coimbra a escolha acabou por recair pelo curso de Gerontologia Social da Escola Superior de Educação de Coimbra. Não me arrependo das opções que tomei, posso dizer que gostei muito das escolhas que fiz e voltava a repetir tudo igual.

A entrada no ensino superior é uma experiência nova, quando é noutro país ainda é mais marcante. Posso dizer que as melhores experiências que eu tive foram as amizades que eu fiz e as memórias que criei com as tradições académicas de Coimbra. Lidar com as diferenças entre a gastronomia portuguesa e a cabo-verdiana, entre a língua cabo-verdiana e a língua portuguesa, fazem parte desta mudança como estudante deslocada, mas destaco o crescimento pessoal estando a viver sozinha que me obrigam a aprender a crescer, a lidar com cada uma das dificuldades que foram aparecendo até agora.

 

JORGE MARTINHO

62 anos

Foi estudar longe de casa e trabalha nos Serviços Centrais do IPC / Departamento de Gestão do Património e Infraestruturas

Estudei arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, tendo concluído a licenciatura em 1985. Trabalho desde 1989 nos Serviços Centrais do Politécnico de Coimbra.

O gosto pela arquitetura e o sonho de me tornar arquiteto nasceu por volta dos 15 anos. Na época só havia duas escolas de arquitetura, uma em Lisboa e outra no Porto. Escolhi a do Porto porque me diziam ser a melhor (sem saber porquê) e menos conservadora (sem saber em quê).

No início dos anos 80, sair do Liceu em Coimbra e ir estudar Arquitetura na grande cidade do Porto, as diferenças eram imensas. A cidade pacata e conservadora dava lugar à cidade liberal e cosmopolita; O ensino tradicional dava lugar ao ensino progressista; O aconchego seguro do lar familiar dava lugar à autonomia e responsabilização. Eleger a melhor memória desses tempos é difícil. Cito apenas o dia em que cheguei à cidade do Porto, pela primeira vez, para concretizar o sonho de ser arquiteto. Chegar à Praça dos Poveiros no Porto, depois de quase 3 horas de viagem de carro e sentir aquele frenesim, aquele arrepio de quem está prestes a ser largado na ‘outra margem’.

As amizades que se criaram ao longo desses anos foram-se mantendo ou perdendo consoante as vicissitudes da vida profissional e pessoal de cada um.

 

SANDRA DUVERGÉ

50 anos

Foi estudar longe de casa e trabalha nos Serviços Centrais do IPC | Relações Internacionais

Estudei no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), Comunicação e Relações Económicas em 1996-2000. O IPG não foi a minha primeira opção e quando saíram os resultados não reagi bem, mas decidi aceitar o desafio de ir viver a experiência de estudar numa cidade do interior do país.

Inicialmente a experiência de sair de casa e ir estudar para longe foi bastante difícil, mas com o decorrer do tempo fui-me integrando no ambiente académico, acostumando ao clima, aprendendo a partilhar casa com colegas de curso e a gerir a mesada. São diversas as memórias que guardo desse tempo, mas nunca vou esquecer o primeiro dia em que nevou e que vi a cidade vestida de branco!

Há um grupo de amigos que ficaram para a vida. Quanto aos professores, há um que contribuiu de forma determinante na minha formação académica e que fez com que continuasse o meu percurso académico no IPG, o Professor Joaquim Brigas, atual Presidente do IPG. Por curiosidade, nas duas missões que fiz ao Brasil, no âmbito do estudante internacional, os nossos caminhos voltaram a cruzar-se, mas desta vez no campo profissional e lá estávamos nós lado a lado, IPC e IPG, a divulgar a nossa oferta formativa!

 

NUNO CORREIA

41 anos

Trabalhador-Estudante no 1º ano da licenciatura em Saúde Ambiental na ESTeSC

Fazer uma licenciatura era um objetivo que tinha ficado suspenso. Senti que agora era altura indicada para o fazer, quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Trabalho na área do controlo de qualidade e a licenciatura tem em vista a possibilidade de progressão profissional.

Cheguei à ESTeSC através de uma pesquisa na internet, porque queria o curso de Saúde Ambiental. Agradou-me a localização da escola e conversei com um antigo aluno, que me falou muito bem da instituição. Não pensei mais. A possibilidade de fazer um curso de preparação para a prova de acesso para Maiores de 23 anos na própria ESTeSC também ajudou à decisão. Não estudava Biologia há 20 anos e, apesar de me recordar das matérias, não teria tido o mesmo resultado se não tivesse frequentado este curso.

Conciliar o trabalho com o estudo tem sido relativamente tranquilo, até porque tinha tudo muito bem ponderado: tempo livre, distância, tempo de deslocação. Tenho apoio familiar e no trabalho têm sido impecáveis, dando-me também bastante incentivo. Claro que tenho de fazer um esforço extra para acompanhar o trabalho das aulas a que não consigo assistir, mas, para já, estou bastante motivado!

 

BÁRBARA BARATA

42 anos

Estudou no estrangeiro (ERASMUS) e trabalha nos Serviços Centrais do IPC | Gabinete de Comunicação Institucional

Licenciei-me na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e fiz Erasmus em Valência, Espanha. Apesar de ter passado todo o curso a imaginar que iria estudar em Itália e cumprir um sonho antigo, acabei por ir para a Facultad de Derecho da Universitat de València. E muito embora a ideia de ir para Espanha me parecesse, de início, que não iria concretizar a intenção de conhecer um modo de estar/viver muito diferente do nosso, acabou por ser uma experiência igualmente rica, na medida em que se trata de uma cidade com uma dimensão assinalável no panorama espanhol e o seu universo académico é também muito dinâmico. Vivi em Valência numa altura de grandes mudanças e em que estava já construída parte da sua «Cidade das Artes e das Ciências», uma notável reabilitação urbana projetada num complexo arquitetónico dedicado à cultura, entretenimento e conhecimento científico.

As amizades feitas com pessoas de todos os pontos da Europa deixam muitas saudades e deram-me uma perspetiva muito real das afinidades e diferenças que sentimos com outras nacionalidades. Além disso, consegui também viajar para outras cidades acompanhada de amigos espanhóis, o que naturalmente me permitiu vivenciar essas experiências de um prisma bem diferente.

 

FÁTIMA VENTURA

54 anos

Foi trabalhador-estudante e trabalha nos Serviços Centrais do IPC | Departamento de Gestão e Recursos Humanos

A vida é um constante recomeço! Eu quando decidi ir estudar novamente foi porque não estava resolvida comigo mesma. As pedras que hoje atrapalham a nossa caminhada amanhã hão de enfeitar a estrada. Às vezes, é preciso pegar uma velha história e reescrever para ela um fim florescente e foi isso que fiz, fui tirar o meu 12º Ano por módulos. Foi complicado conciliar a casa, os filhos, mas com muita força e dedicação, consegui atingir o meu objetivo.

Depois deste caminho queria ir tirar um curso Superior, mas mais uma vez, as pedras atrapalharam o meu caminho… quem sabe um dia…

 

RICARDO MOURA

46 anos

Estudou no IPC e hoje trabalha nos Serviços Centrais do IPC | Departamento de Tecnologias de Informação e Comunicação)

Sem saber para onde vinha, em setembro de 1993 fiz as malas e viajei até Coimbra. Chegou o momento de sair da pacatez de Torres Novas e rumar à cidade dos estudantes. Sem nunca ter tido computador, sendo bom aluno a programação, optei pelo curso de Engenharia Informática e de Sistemas do ISEC. De um dia para o outro, sozinho numa “grande” cidade completamente desconhecida, era um desafio assustadoramente interessante e, felizmente, rapidamente me integrei e o primeiro ano foi inesquecível, não só pelas amizades que rapidamente fiz, mas também por todas as vivências e experiências a que fui submetido enquanto caloiro.

Conclui o bacharelato em setembro de 1996 e em abril de 1997 iniciei o estágio no saudoso Penedo da Saudade, a casa que me acolheu e na qual trabalhavam aproximadamente 30 pessoas. Pelas diversas presidências do IPC e das Unidades Orgânicas tem sido possível aproximar os Serviços Centrais das escolas, sendo atualmente um facto a partilha de recursos, serviços e experiências, o que contribui para uma visão de conjunto e de unicidade. Hoje, 27 anos depois de ter passado a ponte de Santa Clara pela primeira vez, tenho um orgulho enorme em fazer parte desta família e poder contribuir, todos os dias, para o crescimento e para a afirmação do Politécnico de Coimbra.