Conhecimentos de Base Recomendados
Química orgânica; Bioquímica; Biologia
Métodos de Ensino
Matriz teórica (T):
-Metodologia essencialmente expositiva recorrendo aos meios audiovisuais adequados.
– Adopção de estratégias interactivas mediadas através de recursos provenientes da Internet, quando plausível.
Matriz prática (P):
Execução de trabalhos laboratoriais relativos à extracção, identificação e caracterização química qualitativa e quantitativa das principais moléculas activas presentes em fármacos de origem natural bem como de excipientes.
Resultados de Aprendizagem
Visa a unidade curricular Farmacognosia reunir um corpo de matérias específicas conducentes à identificação dos
principais grupos de fármacos de origem natural e respectivas plantas medicinais, bem como à caracterização das
metodologias empregues na extracção e análise quantitativa e qualitativa dos mesmos.
Paralelamente, aborda os conceitos indispensáveis para a correcta caracterização das matérias-primas de origem
natural mais utilizadas em Farmácia, bem como suas metodologias de análise.
Programa
Matriz teórica (T):
1. A Farmacognosia como ciência multidisciplinar:
Resenha histórica: Da pré-história ao século XVIII; Século XIX e isolamento dos primeiros alcalóides de origem natural: o “boom” da química orgânica e industrial; Século XXI e descoberta de novas moléculas bioactivas – plantas transgénicas.
2. Metabolismo primário e secundário:
Metabolitos primários e vias metabólicas correspondentes;
Metabolitos secundários como fonte de substâncias farmacologicamente activas: via do ácido chiquímico e via do acetato.
3. Estrutura química, SAR’s e efeitos biológicos e farmacológicos dos fármacos e/ou matéria-primas característicos dos seguintes grupos de fármacos:
• Glúcidos
Fundamentos e caracterização química: aldose e cetose.
Classificação de ósidos – holósidos e heterósidos.
Distinção entre açucares redutores e não redutores. Ensaios respeitantes à pesquisa e doseamento dos mesmos: reacção de derivatização da fenil-hidrazina, redução do reagente de Fehling, ensaio de Molish, Selivanoff, Keller-Kiliani.
O mel – constituição química. Determinação do teor em açucares redutores através da técnica de Lane e Eynon modificada; determinação do teor de sacarose aparente pelo método de Walker.
Poli-holósidos: Amido, celulose – aplicações em Farmácia.
Poliurónidos: Gomas e mucilagens – aplicações em Farmácia.
Análise de gomas por cromatografia em camada fina (TLC) e cromatografia líquida de alta pressão (HPLC) – estudo dos ensaios vigentes na Farmacopeia Portuguesa.
• Lípidos
Ácidos gordos saturados e insaturados.
Composição química dos fármacos gordos.
Classificação: homolípidos e heterolípidos.
Estudo monográfico dos seguintes fármacos gordos: Óleo de rícino, óleo de amêndoas, óleo de coco, óleo de fígado de bacalhau, manteiga de cacau, espermacete, lanolina e cera de abelhas.
Alterações oxidativas e hidrolíticas dos fármacos gordos – índices característicos.
Reacção de saponificação e determinação do insaponificável.
• Fármacos aromáticos
Óleos voláteis: definição e propriedades físico-químicas.
Constituição química heterogénea: terpenos e regra do isopreno. Polimerização do isopreno e classificação dos terpenos em função do número de unidades isoprénicas. Terpenóides.
Classificação e estudo monográfico dos fármacos aromáticos: essência de terebentina, alfazema, alecrim, hortelã-pimenta, eucalipto e canela do Ceilão.
Processos de obtenção de óleos voláteis: Enfloração, arrastamento por vapor de água, extracção com solventes orgânicos, prensagem (ou expressão), extracção por CO2 supercrítico.
Estudo analítico de óleos essências: testes organolépticos (cheiro e sabor dos óleos essenciais), doseamento do 1,8-cineol por cristalização, cromatografia em fase gasosa.
• Alcalóides
Definição e propriedades gerais.
Biossíntese de alcalóides e predominância em diferentes famílias do reino vegetal.
Alcalóides pirrolidinicos e tropânicos (atropina, hiosciamina, escopolamina, cocaína) – caracterização química e efeitos farmacológicos.
Alcalóides piridinicos e piperidinicos (romeira, cicuta) – caracterização química e efeitos farmacológicos.
Alcalóides indólicos (noz vómica, cravagem do centeio) – caracterização química e efeitos farmacológicos.
Alcalóides quinoleicos (quina) – caracterização química e efeito farmacológico.
Alcalóides isoquinoleicos (curares, ópio) – caracterização química e efeito farmacológico.
Reagentes gerais dos alcalóides.
Estudo monográfico da Quina Casca e do Ópio segundo a Farmacopeia Portuguesa.
• Fármacos com heterósidos antracénicos
Quinonas: Benzoquinonas, naftoquinonas e antraquinonas.
Caracterização química do núcleo antracénico.
Antraquinonas livres e heterósidos antracénicos (C-heterósidos e O-heterósidos): actividades farmacológicas correspondentes.
Formas reduzidas e oxidadas das geninas: propriedades tóxicas e terapêuticas.
“Hypericum perforatum L.” e “Hypericum androsemum L.”- actividade ansiolítica e hepatoprotectora.
Estudo monográfico dos seguintes fármacos com heterósidos antracénicos: Ruibarbo, cáscara sagrada, amieiro negro, sene e aloés.
Identificação e doseamento de fármacos antracénicos: Reacção de Borntraeger, doseamento das geninas recorrendo a HPLC.
• Heterósidos cardiotónicos
Caracterização da homogeneidade estrutural e farmacológica.
O núcleo ciclopentano-per-hidrofenantreno.
Composição química de um heterósido cardiotónico: anel lactónico, núcleo esteróide e fracção osídica. Considerações estereoquímicas preponderantes para a actividade farmacológica.
Distinção entre bufadienólidos e cardenólidos.
Heterósidos cardiotónicos e sua ocorrência nas espécies do género “Digitalis”: “Digitalis purpurea L.” e “Digitalis lanata Ehrh”.
Efeitos farmacológicos dos digitálicos: efeito cronotrópico negativo, ionotrópico positivo e regularização do ritmo cardíaco.
Mecanismo de acção: inibição da bomba Na+/K+ ATPase. Interacções farmacológicas.
Intoxicação por digitálicos.
Estudo monográfico das folhas de Dedaleira segundo a Farmacopeia Portuguesa.
Extracção, identificação e doseamento de heterósidos cardiotónicos: Técnica de “salting-out” e reacções características de identificação do anel lactónico, núcleo esteróide e fracção osídica.
• Compostos fenólicos
A problemática dos antioxidantes: conceito de radical livre, stress oxidativo, espécies reactivas de oxigénio e nitrogénio e alvos preferenciais. Defesas antioxidantes endógenas (sistemas enzimáticos e não enzimáticos). Antioxidantes preventivos, de intercepção e reparação. Mecanismos pró-oxidantes e antioxidantes legalmente permitidos.
Antioxidantes naturais: ácido L-ascórbico, palmitato de ascorbilo, tocoferóis e compostos fenólicos.
Fitoantioxidantes: fenóis simples, ácidos fenólicos, flavonóides, cumarinas, lenhanos e taninos – caracterização química e ocorrência. Mecanismo de acção: Inibição da reacção de Fenton e de Haber-Weiss.
Isoflavonas de soja (Glycine max) e propriedades antioxidantes e fitoestrogénicas: caracterização química da daidzeina e genisteína.
Polifenois de frutos vermelhos (Vaccinium L) e propriedades antioxidantes: caracterização química de acidos fenolicos e flavonoides e respetivas ações farmacoloógicas. Quantificação de antioxidantes: métodos para a determinação do poder antioxidante (ABTS, TRAP) e determinação analítica de Vitamina C – Método de Tillmans.
Matriz prática (P):
São fornecidos aos alunos um conjunto de protocolos de trabalhos práticos centrados em metodologias de extração e subsequente análise de compostos de ocorrência natural com atividade farmacológica
Docente(s) responsável(eis)
Estágio(s)
NAO
Bibliografia
Bibliografia primária:
– COSTA, A. F., FARMACOGNOSIA, Vol. I, 5.ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002
– COSTA, A. F., FARMACOGNOSIA, Vol. II 5.ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002
– COSTA, A. F., FARMACOGNOSIA, Vol. III, 5.ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 2002
Bibliografia secundária:
– Farmacopeia Portuguesa
– Apontamentos