Estudantes do IPC partilham experiências de atividades para o verão

Está mesmo à porta a reta final do ano letivo e, muito rapidamente, vão chegar as férias de verão. Para muitos estudantes, esta é uma boa oportunidade para enriquecer o currículo através de estágios, para realizar atividades de voluntariado e conhecer outras culturas, ou mesmo auferir algum rendimento. Apresentamos testemunhos de estudantes do Politécnico de Coimbra que partilham connosco as suas experiências e deixam sugestões aos seus pares.

 

In Jornal do IPC n.º 16

 

Bárbara Coimbra

Estudante da Licenciatura de Ciências Florestais e Recursos Naturais da ESAC

Em 2017 ingressei na escola de estagiários de um corpo de bombeiros voluntários, no verão do seguinte ano fui promovida a Bombeira de 3ª classe, passando assim ao quadro ativo do quartel. Entrei para os bombeiros porque no ano em que me inscrevi tinham deflagrados os grandes incêndios de 2017 e ao ver tudo aquilo em casa sem puder fazer nada deixou-me com uma terrível sensação de impotência e assim começou a procura por uma solução, quando soube que o meu quartel estava a formar novos bombeiros inscrevi-me na escola de estagiários, sem saber muito bem para onde ia, mas com a certeza de que ia puder ser útil.

Durante todo o ano faço serviço de voluntariado, 1 noite de 11 em 11 dias e um domingo de 3 em 3 meses, nestes serviços realizo todo o tipo de serviços, desde pré-hospitalar a incêndios, tanto urbanos como florestais, acidentes, entre outros.

Para além dos serviços de voluntariado integro também as equipas do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR). Sou escalada em turnos de 12h, tendo turnos das 8h às 20h e das 20h às 8h, onde sou integrada em Equipas de Combate a Incêndios ou numa Equipa Logística de Apoio ao Combate, sendo a primeira constituída por 5 elementos e a segunda por 2. Durante os turnos, caso não sejamos mobilizados para nenhuma atividade verificamos sempre os veículos e o Equipamento de Proteção Individual para garantir que tudo está operacional e em segurança.

A entrada na corporação fez-me crescer e aprender imenso, damos muito de nós ao outro, mas o que recebemos é sem dúvida o mais importante, o carinho e reconhecimento. O companheirismo e entreajuda são também valores essenciais ao nosso serviço, pois sozinhos não temos sucesso.

 

Joaquim Pinto

Licenciado em Biotecnologia pela ESAC e bolseiro de investigação no projeto “Fogo e Invasoras”

Ao longo do meu percurso sempre desenvolvi interesse pela investigação, assim, no final do 2º ano da licenciatura, decidi realizar um estágio durante as férias de verão em regime de voluntariado com o objetivo de adquirir experiência prática. Integrei a equipa da professora Filomena Gomes onde desempenhei diversas funções (micropropagação de plantas em condições in vitro, multiplicação de culturas de fungos micorrízicos, preparação de meios de cultura, aclimatização de plantas em viveiro e posterior manutenção) que desenvolveram em mim mais responsabilidade, sentido crítico e muita vontade de continuar no mundo da investigação. Esta atividade forneceu-me experiência de tal ordem importante que durante o estágio profissionalizante, surgiu o Apoio Especial “Verão com Ciência” sendo selecionado para uma bolsa de iniciação à investigação e, após o término da licenciatura, para uma de investigação, destacando-me em ambas pela minha experiência profissional.

Em suma, realço a importância do investimento que fiz no estágio voluntário dado que este me forneceu ferramentas cruciais de crescimento pessoal e profissional, levando ao desenvolvimento de novas skills, permitindo-me iniciar a minha vida profissional e ter algo diferenciador no currículo que é tão importante neste mundo competitivo.

 

Ana Rita Baptista

Estudante da Licenciatura de Comunicação Social na ESEC

Eu queria ter uma primeira experiência profissional na minha área e sabia que a Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) realizava estágios extracurriculares de verão, então decidi contactar o Gabinete de Comunicação e Relações Públicas (GCRP) – apoio à carreira, para perceber como funcionavam os estágios. Depois fiz uma candidatura espontânea ao jornal Diário as Beiras, onde acabei por ser aceite para estagiar na redação durante um mês e meio.

Com esta experiência, espero conseguir desenvolver competências tanto a nível profissional, mas também a nível pessoal. Sobretudo espero aprender bastante e complementar de uma forma prática aquilo que é aprendido no curso, e conseguir evoluir como futura jornalista.

Durante este ano letivo fui ainda redatora do Jornal Universitário de Coimbra – A Cabra e também sou redatora da Rádio Universidade de Coimbra (RUC). No fundo, este estágio de verão vem, também, um pouco por causa destas duas experiências extracurriculares, onde aprendi, e continuo a aprender, muitas coisas. O que me fez ter vontade de aprender ainda mais e de uma forma ainda mais profissional, daí a vontade de querer ir para o Diário As Beiras.

 

Juliana Oliveira

Estudante da ESEC

Sendo eu uma jovem sedenta de desafios, procuro sempre colocar à prova os meus limites e sentir a adrenalina nas veias. Este ano ouvia muito sobre a Estrada Nacional 2, então coloquei na cabeça que queria fazer Portugal de Lés a Lés, mas sobre duas rodas. Através duma conversa informal com uma amiga, Esmeralda Fiúza, ela disse-me que já tinha percorrido a N2 de bicicleta em autonomia total e gostaria de repetir o feito. Foi então que eu a convidei para se juntar a mim nesta odisseia e lá fomos nós.

Habitualmente prático vários desportos: o Trail Running/ Skyrunning, representando a equipa Abutres Trail Running School, o futsal, em representação da Associação Desportiva Serpinense e também pratico ciclismo, mas não represento nenhum clube.

Ter entrado no mundo desportivo, foi sem dúvida uma mais-valia, dado que me permitiu enriquecer a um nível pessoal e profissional, abrindo-me muitas portas.

Acerca do número de horas que dedico ao treino durante o verão, depende muito, dado que é a estação do ano com menos chuva, permite-me que ande mais horas de bicicleta, fazendo assim uma média de 5 horas de bicicleta por dia, e treinos 4/5 vezes por semana. Já corrida faço uma média de uma hora, 3/4 vezes por semana, na altura do inverno acabo por me dedicar mais à corrida e futsal, porque o tempo chuvoso nem sempre permite andar de bicicleta.

Durante este ano letivo, devido à situação pandémica, houve poucas atividades extracurriculares oficiais, participei em duas provas para o campeonato de Skyrunning de Portugal, já no futsal competi no Campeonato Distrital de Coimbra Feminino.

Porém como não gosto de ficar parada, tentei estar ativa, propondo micro desafios. Tive muita pena de este ano não ter havido atividades extracurriculares a nível académico.  Quem sabe para o ano, já haja essa hipótese.

Para breve, tenho em mente algumas aventuras, tais como fazer a Rota dos Túneis, os caminhos de Santiago de Compostela, em modo caminhada. Gostaria também de fazer a N222 de bicicleta.

 

Beatriz Pedroso

Diplomada em Fisiologia Clínica pela ESTeSC

“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Sempre idealizei realizar voluntariado internacional, para ter noção das minhas capacidades e, sobretudo, para sair da minha zona de conforto. Um dia, acedi ao email, vi que tinha recebido informação do Gabinete de Inserção Profissional da ESTeSC sobre o evento “2019 Pontevedra ITU Multisport World Championships” e a obra nasceu. Sozinha, a fazer voluntariado no país vizinho, na área do desporto (não sou grande atleta, confesso), era O desafio!

Acabei por não ir sozinha (uma colega juntou-se a mim). A experiência superou todas as minhas expectativas: conheci pessoas fenomenais, com as quais ainda mantenho contacto. Criámos laços fortes de amizade, uma vez que estávamos todos na mesma situação e tivemos que nos unir para levar a missão a bom porto. Foram quatro dias arrepiantes, tanto de trabalho (distribuir água e comida aos atletas) como de aventura e convívio.

Este voluntariado foi um enorme contributo para realizar, depois, a minha mobilidade Erasmus+ na Suécia. O facto de já ter saído do país com uma colega de curso aligeirou o processo. A minha bagagem e predisposição para a mudança eram maiores. Cresci como pessoa, aprendi com diferentes culturas e modos de vida, e os desafios que iam surgindo pareciam mais leves.

Acreditem que as experiências além licenciatura são uma mais valia. Saímos da faculdade com um canudo, mas não é tudo. Praticar o bem, criar empatia, resolver imprevistos, aceitar desafios fora da zona de conforto e ir à aventura são situações que nos transformam, para melhor. Quando surgir a oportunidade, quer seja em voluntariado, mobilidade Erasmus+ ou apenas um desafio que teste as vossas capacidades, vão! Arrisquem, só assim faz sentido.

 

Ana Beatriz Madeira

Diplomada em Dietética e Nutrição pela ESTeSC

Sempre tive o desejo de partilhar conhecimento pelo Mundo. Por isso, no último ano de licenciatura, optei por fazer o meu estágio curricular numa associação de crianças carenciadas em Minas Gerais (Brasil).

Terminado o curso, a vontade de ajudar uma população pouco desenvolvida foi aumentando e procurei ações de voluntariado. Encontrei a Health & Help através da associação portuguesa “Para onde?”, que tem vários programas. Este chamou-me a atenção por estar ligado à Saúde. Candidatei-me e fiz uma entrevista Skype com a organização Russa (em inglês), à qual fui aprovada.

Na Guatemala, integrei uma clínica com três gabinetes, constituídos por um médico e um enfermeiro. Entre as 8h00 e as 16h00, a minha função era fazer uma consulta de nutrição a todos os pacientes, depois de serem vistos e medicados. Ao lado da clínica havia uma escola com alunos entre os 5 aos 15 anos, aos quais também transmitimos conhecimentos sobre Saúde e Nutrição. O alojamento (em quartos agregados à clínica) e a alimentação foram garantidos pela Health & Help.

A experiência foi brutal. Sempre me ensinaram a ir sem expectativas, e a verdade é que quaisquer que eu pudesse ter iriam ser superadas. Quando vamos com a vontade de dar sem receber, todas as conquistas são vitórias.

Quando entramos no mercado de trabalho, criamos uma rotina que, sem querer, às vezes nos apaga pouco a chama da paixão pela Nutrição. Experiências como as que eu tive fazem-me sentir que o que sei importa, que os nutricionistas podem fazer a diferença, melhorar – e muito – a Saúde mundial. Aconselho a todos os profissionais de saúde que tenham disponibilidade, que vão. A nível pessoal e profissional é uma experiência indescritível. O nosso impacto é gigante!

 

Helen Alves

Estudante da Licenciatura em Marketing e Negócios Internacionais

Terminar um semestre na licenciatura nos traz um sentimento de realização sem tamanho, o caminho do conhecimento é entusiasmante e o sonho de exercer nossa tão sonhada profissão se torna a cada mês, um pouco mais próximo.

Com o chegar do verão somos impulsionados pela alegria e satisfação das férias, mas foi exatamente neste momento que eu aproveitei para consolidar minhas experiências teóricas na prática e me candidatei a um estágio de verão.

Após a procura, entrevista e aceitação, começou o tão sonhado estágio. Minha supervisora não via limites para me ajudar e salientava o quão importante para a carreira profissional que eu estava iniciando não apenas a experiência adquirida no estágio, mas também como aquilo tinha valor no meu currículo profissional.

Dentro do meu estágio, pude trabalhar com estudos de mercado, também pude participar de reuniões com os clientes da empresa, entendendo como que se organiza uma reunião, qual é a formalidade, como se faz a apresentação, tive até a oportunidade de criar uma própria apresentação para uma empresa cliente.

Desenvolvi conhecimentos sobre Plano de Negócios, ferramenta esta que utilizaria apenas no último semestre da licenciatura, mas que já não foi uma surpresa para mim, pois já tinha sido ensinado e colocado em prática. Pude também aprender sobre candidaturas ao Estado e seus apoios, ensinamentos que podemos utilizar na vertente académica e também na vertente pessoal, pois empreender é necessário.

Após o estágio, sei que adquiri muito mais conhecimentos e experiências para o início do novo ano letivo.

 

Francisco Calhindro

Estudante da Licenciatura em Engenharia Mecânica do ISEC

Desde muito novo, desde cerca dos meus 14 anos, dado o meio onde cresci e a educação que recebi, sempre estive bastante ligado à agricultura, à construção, entre outros. Desde então, os meus pais sempre me incutiram o espírito do saber fazer mais e melhor, nunca descorando dos estudos e da importância destes.

Por isso mesmo, nas minhas férias da Páscoa, do verão e do Natal, arranjava sempre um trabalho, os chamados “biscates”, que me permitiam não só juntar algum dinheiro, como também, me davam experiência e conhecimento em diversas áreas. Apanha da fruta, apanha da azeitona, vindimas, serventia na construção civil, na instalação de equipamentos térmicos, hídricos e elétricos, entre outros, foram alguns dos trabalhos que já percorri.

O mais importante deles todos, o qual destaco, foi aos 17 anos, a minha ida para a Suíça, para junto do meu pai, onde trabalhei durante 4 meses, no ramo da construção, antes de ingressar no ensino superior. Atualmente, encontro-me a acabar o 2º ano e já à procura de um estágio de verão na minha área ou algum trabalho (coisa que não falta).

Com este testemunho, aconselho a todos vós este tipo de experiências que são, sem dúvida, uma mais-valia, a todos os níveis, pois o saber não ocupa lugar, seja em que área for.