Projeto BEIN quer ajudar professores a educar crianças migrantes e refugiadas de forma inclusiva

O Politécnico de Coimbra, através da Escola Superior de Educação (ESEC-IPC), coordena um projeto europeu que pretende criar um curso de “Blended Learning” (aprendizagem mista) para ser usado na formação de educadores de infância e professores do 1º ciclo do ensino básico. O objetivo é melhorar a capacidade destes docentes para promover a inclusão de crianças migrantes e refugiadas (entre os três e os oito anos de idade), particularmente em contextos de educação de infância, e para lidar com o risco de exclusão social que essas crianças enfrentam.

Trata-se do projeto BEIN, uma Parceria Estratégica para o Ensino Superior no âmbito da Ação Chave 2 – Cooperação para a Inovação e Intercâmbio de Boas Práticas do Programa Erasmus+. O curso será utilizado nas Instituições de Ensino Superior (IES) participantes, na área da formação de educadores e professores, e divulgado pelas mesmas. Como resultado do projeto pretende criar-se uma rede mais ampla de pesquisa internacional composta por várias IES que possam monitorar, manter e adaptar o curso às suas realidades. Essa rede deverá tornar-se não apenas uma estratégia para dar sustentabilidade ao projeto, mas também um site de pesquisa, intercâmbio e melhoria das atividades de formação ligadas aos resultados do projeto.

A lógica do projeto BEIN é baseada em evidências de pesquisas que mostram que pessoas com histórico de emigração tendem a enfrentar mais barreiras educacionais em comparação com a população indígena na Europa. Especialmente crucial a este respeito é a educação de infância, dado que é difícil para as crianças com lacunas nas suas experiências ao nível da educação de infância recuperá-las mais tarde. Além disso, sistemas educacionais que segregam ou rastreiam as crianças desde as primeiras idades com base na sua avaliação académica tendem a agravar o problema. Este projeto está, portanto, comprometido com a ideia de uma escola inclusiva no coração dos valores europeus e espera-se que os seus resultados contribuam para melhorar a formação de educadores e professores na resposta às necessidades de crianças migrantes e refugiadas.

O consórcio estabelecido para este projeto envolve sete Instituições de Ensino Superior (IES), de sete países europeus o Politécnico de Coimbra, que coordena, Universitat de Girona (Espanha), Vilniaus Kolegija (Lituânia), Hanzehogeschool Groningen Stichting (Holanda), Katholieke Hogeschool Vives Zuid (Bélgica), Balkesir University (Turquia) e University of Northumbria at Newcastle (Reino Unido). Pelo IPC integram a equipa do projeto as docentes da ESEC Ana Coelho, Joana Chélinho, Madalena Baptista e Vera do Vale. O projeto iniciou em setembro de 2019 e tem o seu período de execução até agosto de 2022.

Segundo Ana Coelho, docente e investigadora da ESEC e responsável pela coordenação do projeto, o projeto BEIN, que obteve a primeira posição no ranking das parcerias estratégias KA203 apresentadas à Agência Nacional em 2019, visa “não apenas contribuir para a melhoria dos processos de formação de educadores e professores de crianças pequenas migrantes e refugiadas, mas de forma mais ampla, contribuir para a formação de outros agentes educativos através da construção e disponibilização de um ambiente de aprendizagem aberto”. O projeto tem ainda o mérito de “combinar a produção de um sistema de formação e respetivos materiais, com atividades de investigação, quer ao longo do processo quer na sua disseminação e monitorização do seu uso”. Um compromisso a que se pretende dar continuidade depois do fim do projeto.

Ana Coelho explica que a pandemia por COVID-19 teve consequências no calendário das atividades, dificultando de forma muito particular a concretização da participação de estudantes na construção e validação dos materiais de formação. “Apesar disso, tem sido possível manter dinâmicas de trabalho colaborativo e não comprometer as metas estabelecidas no que se refere aos resultados tangíveis/produtos”, havendo a expectativa de concretizar as atividades previstas a realizar com estudantes (programas intensivos de estudos) e as atividades de disseminação do projeto no segundo semestre de 2021 e primeiro semestre de 2022.

 

In Jornal do IPC n.º 10