Projeto para mitigar riscos ambientais da agricultura nas cidades

O Politécnico de Coimbra está a participar no projeto AgriCity, que pretende mitigar os riscos ambientais associados à agricultura nas cidades.

O AgriCity é gerido pelo Instituto de Investigação Aplicada (i2A) no âmbito das suas competências de promoção e concretização da investigação aplicada. Este projeto, com financiamento do Programa Portugal 2020, tem como entidade líder a empresa AXIENS e como parceiros o Politécnico de Leiria, a empresa Visionware, e o Limerick Institute of Technology (Irlanda).

Segundo António Dinis Ferreira, docente da Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra e coordenador deste projeto no IPC, a agricultura urbana e peri-urbana têm ganho cada vez mais adeptos e é expectável “a sua expansão e o aumento da capacidade de produção de alimentos, já que concorrem para a implementação de estratégias nucleares da União Europeia na prossecução do desenvolvimento sustentável”.

Além de contribuir de forma indelével para a soberania alimentar, a agricultura urbana/peri-urbana, afirma o investigador, desempenha “um papel importante” na implementação de uma economia de baixo carbono, “ao reduzir significativamente o consumo de combustíveis usados no transporte de alimentos e de outros fatores de produção”, além de contribuir para o aparecimento de novas oportunidades de negócio, a nível local, decorrentes da implementação e desenvolvimento de cadeias curtas de comercialização. “Ao reciclar águas residuais tratadas e usando fontes não convencionais de matéria orgânica, abundantes em ambientes urbanos, cujo destino final é problemático, a agricultura urbana/peri-urbana contribui significativamente para a implementação de estratégias de economia circular”, explica.

No entanto esta atividade não é isenta de riscos para a saúde pública e para o funcionamento dos ecossistemas e a sua capacidade de fornecer serviços ambientais, alerta António Dinis Ferreira. As cidades são por definição áreas com elevadas concentrações de poluentes e a circularidade de utilização de resíduos orgânicos e águas residuais tratadas (ou águas pluviais) “traz associada concentrações elevadas de elementos e compostos problemáticos, além de agentes patogénicos, cujos processos e concentrações é necessário conhecer para melhor gerir as práticas agrícolas, de forma a eliminar ou reduzir o risco a níveis aceitáveis”.

O projeto Agricity propõe-se atuar no desenvolvimento de um modelo para mitigação destes riscos, que podem colocar em causa a sustentabilidade socio-ambiental. O projeto tem como objetivos, em primeiro lugar, identificar parâmetros ambientais críticos e definir protocolos para instanciar a sua monitorização através de tecnologias de sensorização apropriadas – sensores físicos, químicos ou biológicos – para melhorar a capacidade e a frequência de sensorização ambiental, em particular, para parâmetros e ambientes que estão correntemente pouco representados mas que são críticos, para a melhoria de modelos preditivos que suportam a compreensão de processos ambientais. Depois, projetar e desenvolver sensores para instanciar a sensorização de parâmetros ambientais críticos, sensores economicamente acessíveis e com a capacidade e frequência de monitorização adequados para o ambiente de agricultura urbana, capazes também de serem utilizados em contexto agrícola profissional ou como suporte à identificação de vulnerabilidades a riscos naturais num contexto de alterações climáticas.

Outro dos objetivos do Agricity é projetar e implementar uma rede de comunicações para interoperabilidade entre diversas fontes de parâmetros ambientais, sensores ou dados laboratoriais, relativas a parâmetros críticos de ambientes agrários, e uma plataforma de serviços central que integra estes dados e disponibiliza serviços de informação.

Finalmente, pretende-se desenvolver um sistema central para processar parâmetros ambientais a partir de modelos de machine learning e disponibilizar informação descritiva e preditiva através de serviço na Internet (Webserver) e aplicação (APPs) para smartphones.

 

In Jornal do IPC n.º 15