Fisioterapia em Condições Cardiovasculares e Respiratórias

Conhecimentos de Base Recomendados

Anatomia e fisiologia dos sistemas respiratório e cardiovascular.

Avaliação e prescrição de intervenções especializadas em casos respiratórios e Cardiovasculares

Raciocínio clínico orientado para a maximização da funcionalidade.

 

Métodos de Ensino

As metodologias de ensino incluem aulas interativas para introduzir os conceitos essenciais, enquadrar questões clínicas relevantes e estimular a participação ativa dos estudantes. Serão utilizados diferentes casos clínicos para ilustrar e contextualizar os tópicos teóricos, promovendo uma compreensão aprofundada da matéria. As estratégias de aprendizagem ativa são centrais neste processo, com destaque para modelos pedagógicos baseados em “flipped classroom” (sala de aula invertida) e aprendizagem baseada em casos.

A discussão em pequenos grupos permitirá a análise aprofundada de casos clínicos, exigindo dos estudantes a realização de investigação, revisão bibliográfica e resolução de problemas. Este método visa desenvolver o pensamento crítico e capacitar os estudantes para selecionarem e justificarem, de forma fundamentada, os métodos e técnicas de avaliação e intervenção em fisioterapia mais adequados para utentes com patologias cardiovasculares e respiratórias. Em conjunto, os estudantes irão construir, avaliar e apresentar casos clínicos, aplicando raciocínio clínico na definição de objetivos SMART, estratégias de intervenção e planos de reavaliação. Este ciclo de formulação, discussão e reflexão sobre casos visa promover não só o domínio dos conteúdos como também o desenvolvimento das competências profissionais de decisão. A metodologia global é orientada por princípios de aprendizagem centrada no estudante e abordagem “flip-based learning.

Resultados de Aprendizagem

Prático-instrumentais (desempenho psicomotor);

Cognitivos: desempenho mental reflexivo e conhecimento;

Afetivos: crescimento das áreas emocional/comportamental e de atitude.

Após completar a unidade curricular, o aluno deverá saber, compreender e ser capaz de:

Aplicar os princípios de avaliação, diagnóstico, programação e intervenção em condições e problemas associados ao sistema cardiovascular e respiratório, bem como a elaborar registos adequados, com base na Funcionalidade/Incapacidade;

Organizar os elementos associados aos procedimentos de Fisioterapia de acordo com as componentes Estruturas, Funções, Atividades/Participação e Fatores Contextuais;

Desenvolver estratégias centradas na educação/aconselhamento de utentes/doentes e de familiares e do conhecimento do contributo dos diferentes membros da equipa de saúde de forma que o fisioterapeuta tenha uma visão global do utente/doente;

Analisar criticamente os modelos e as estratégias práticas nos diversos contextos em que o fisioterapeuta atua;

Avaliar a evidência da prática no contexto das condições cardiovasculares e respiratórias.

 

Programa

1. Exame e Avaliação Segundo a CIF (ICF):

Aprofundar as estratégias de avaliação das componentes da funcionalidade e incapacidade (estruturas e funções do corpo, atividades e participação) e dos fatores contextuais em doentes com patologias cardiovasculares e respiratórias, recorrendo à utilização de instrumentos validados e escalas recomendadas internacionalmente. Incentivar a utilização de exemplos práticos e simulações para treino das competências de avaliação multidimensional.

2. Prognóstico e Definição de Objetivos:

Explorar, para além do prognóstico biomédico, o impacto psicoemocional e social das patologias na determinação dos objetivos SMART.

Reforçar a análise crítica dos fatores que podem condicionar a adesão, o sucesso terapêutico e o planeamento das sessões.

Desenvolver competências para a gestão e planeamento dinâmico da frequência/duração do programa, tendo em conta o contexto comunitário e os recursos do doente.

3. Intervenção Baseada na Evidência e Práticas Inovadoras:

Fomentar a análise de guidelines internacionais, normas nacionais e algoritmos de decisão clínica.

Incluir abordagens interdisciplinares articuladas com outros profissionais de saúde, apostando em trabalho de equipa para gestão da complexidade.

Incentivar o ensino e prática de técnicas avançadas (exemplo: treino inspiratório, avaliação funcional da marcha, prescrição de exercício baseada na resposta individual e modelos de reabilitação personalizados).

Incluir módulos dedicados a novas tecnologias (inteligência artificial, machine learning na reabilitação, wearables, sensorização, telereabilitação).

Desenvolver competências para a implementação de projetos de promoção/educação para a saúde dirigidos à prevenção de complicações e apoio à transição hospitalar-comunitária.

Estimular a prática e discussão sobre reabilitação centrada na pessoa em ambientes reais e simulados.

4. Estratégias de Ensino/Aprendizagem Inovadoras:

Implementação sistemática de aprendizagem ativa: estudos de caso, simulação clínica, flipped classroom, aprendizagem por problemas.

Uso de ambientes digitais para discussão, treino e avaliação, enquanto complemento das sessões presenciais (integração de plataformas colaborativas, simulação digital, portefólio digital, etc).

Avaliação formativa contínua, promovendo feedback objetivo e construtivo.

5. Enfoque na Avaliação e Melhoria Contínua:

Inserção de momentos de autorreflexão e autoavaliação das próprias competências.

Promoção do desenvolvimento profissional contínuo, reforçando a importância da atualidade científica e da prática baseada na evidência, em toda a componente curricular.

Docente(s) responsável(eis)

Paula Susana Gonçalves Lopes

Estágio(s)

NAO

Bibliografia

Bibliografia Principal:

Ambrosetti M, Abreu A, Corrà U, Davos CH, Hansen D, Frederix I, Iliou MC, Pedretti RF, Schmid JP, Vigorito C,
Voller H, Wilhelm M, Piepoli MF, Bjarnason-Wehrens B, Berger T, Cohen-Solal A, Cornelissen V, Dendale P,
Doehner W, Gaita D, Gevaert AB, Kemps H, Kraenkel N, Laukkanen J, Mendes M, Niebauer J, Simonenko M, Zwisler AO. Secondary prevention through comprehensive cardiovascular rehabilitation: From knowledge to implementation. 2020 update. A position paper from the Secondary Prevention and Rehabilitation Section of the European Association of Preventive Cardiology. Eur J Prev Cardiol. 2020 Mar 30:2047487320913379. doi:10.1177/2047487320913379. Epub ahead of print. PMID: 32223332.

American College of Sports Medicine. ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription. Lippincott Williams & Wilkins, 10th edition, 2018;

APFisio. “Registo, logo existo!”: Registo Clínico de Fisioterapia, 2018. Disponível em: http://www.apfisio.pt/wp-ontent/uploads/2018/10/RLE__2018_008_31__Registo_logo_existo.pdf

Bibliografia Secundária

– Chartered Society of Physiotherapy. Inspire Respiratory Guidelines. 2015;

– Dowman L, Hill CJ, May A, Holland AE. Pulmonary rehabilitation for interstitial lung disease. Cochrane Database Syst Rev. 2021 Feb 1;2(2):CD006322.

Anderson L, Oldridge N, Thompson DR, Zwisler AD, Rees K, Martin N, Taylor. RS. Exercise-based cardiac rehabilitation for coronary heart disease: Cochrane systematic review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol 2016;67(1):1–12

Anderson L, Nguyen TT, Dall CH, Burgess L, Bridges C, Taylor RS. Exercise-based cardiac rehabilitation in heart transplant recipients. Cochrane Database of Systematic Reviews 2017, Issue 4. Art. No.: CD012264. DOI: 10.1002/14651858.CD012264.pub2. Accessed 13 May 2021.

Atkinson HL & Nixon-Cave K. A Tool for Clinical Reasoning and Reflection Using the International
Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) Framework and Patient Management Model. Physical Therapy, 2016;91(3):416-430.

Bott J, Blumenthal S, Buxton M, Ellum S, Falconer C, Garrod R, et al. Guidelines for the physiotherapy management of the adult, medical, spontaneously breathing patient. Thorax. 2009;64(SUPPL. 1).

Calabrese M, Garofano M, Palumbo R, Di Pietro P, Izzo C, Damato A, Venturini E, Iesu S, Virtuoso N, Strianese A, Ciccarelli M, Galasso G, Vecchione C. Exercise Training and Cardiac Rehabilitation in COVID-19 Patients with Cardiovascular Complications: State of Art. Life (Basel).2021 Mar 21;11(3):259. doi:10.3390/life11030259. PMID: 33801080; PMCID: PMC8004041.

Chartered Society of Physiotherapy. Inspire Respiratory Guidelines. 2015 

Chatwin M, Toussaint M, Gonçalves MR, Sheers N, Mellies U, Gonzales-Bermejo J, et al. Airway clearance techniques in neuromuscular disorders: A state of the art review. Respir Med [Internet]. 2018;136
(November 2017):98–110. Available from: https://doi.org/10.1016/j.rmed.2018.01.012

Consortium for Spinal Cord Medicine. Respiratory management following spinal cord injury: a clinical practice guideline for health-care professionals. J Spinal Cord Med. 2005;28(3):259-93. doi:
10.1080/10790268.2005.11753821. PMID: 16048145.

Edwards I, Jones M, Carr J, Braunack-Mayer A, Jensen G. Clinical Reasoning Strategies in Physical Therapy. Physical Therapy 2004 April;4(84):312-330;

European Society of Cardiology. 2017 ESC Guidelines on the Diagnosis and Treatment of Peripheral Arterial Diseases, in collaboration with the European Society for Vascular Surgery (ESVS). European Heart Journal, 2017; 00: 1–60. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehx391.

eviCore healthcare. SMART Goals in Physical and Occupational Therapy: Overview, Writing Tips, and Resources. 2018. Disponível em: https://www.securityhealth.org/-/media/Provider/S-M-A-R-T-GoalsOverview-Writing-Tips-and-Resources_PT-OT-FINAL.pdf.

Global initiative for chronic obstructive lung disease. 2023 report.

Gloeckl R, Zwick RH, Fürlinger U, Jarosch I, Schneeberger T, Leitl D, et al.. Prescribing and adjusting exercise training in chronic respiratory diseases – Expert-based practical recommendations. Pulmonology. 2022 Oct 20:S2531-0437(22)00215-X

Hill K, Jenkins SC, Cecins N, Philippe DL, Hillman DR, Eastwood PR. Estimating maximum work rate during incremental cycle ergometry testing from six-minute walk distance in patients with chronic obstructive pulmonary disease. Arch Phys Med Rehabil. 2008 Sep;89(9):1782-7

Hill AT, Sullivan AL, Chalmers JD, De Soyza A, Stuart Elborn J, Andres Floto R, et al. British thoracic society guideline for bronchiectasis in adults. Thorax. 2019;74(Suppl 1).

Hoffman M, Chaves G, Ribeiro-Samora GA, Britto RR, Parreira VF. Effects of pulmonary rehabilitation in lung transplant candidates: a systematic review. BMJ Open. 2017 Feb 3;7(2):e013445

Holland AE, Cox NS, Houchen-Wolloff L, Rochester CL, Garvey C, ZuWallack R, et al. Defining Modern Pulmonary Rehabilitation. An Official American Thoracic Society Workshop Report. Ann Am Thorac Soc. 2021 May;18(5):e12-e29.

Jette D, Ardleigh K, Chandler K, McShea L. Decision-Making Ability of Physical Therapists: Physical Therapy Intervention or Medical Referral. Physical Therapy, 2006;12(86):1619-1629;

Jenkins S, Hill K, Cecins NM. State of the art: how to set up a pulmonary rehabilitation program. Respirology. 2010 Nov;15(8):1157-73
McCarthy, B., Casey, D., Devane, D., Murphy, K., Murphy, E., & Lacasse, Y. (2015). Pulmonary rehabilitation for chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane database of systematic reviews, (2).

Reid WD; Chung F; Hill K. Cardiopulmonary physical therapy: management and case studies. 2nd ed. Slack Incorporated, 2014;

Rochester CL, Vogiatzis I, Holland AE, Lareau SC, Marciniuk DD, Puhan MA, et al.; ATS/ERS Task Force on Policy in Pulmonary Rehabilitation. An Official American Thoracic Society/European Respiratory Society Policy Statement: Enhancing Implementation, Use, and Delivery of Pulmonary Rehabilitation. Am J Respir Crit Care Med. 2015 Dec 1;192(11):1373-86.

Steiner WA, Ryser Huber L, et al. Use of the ICF Model as a Clinical Problem-Solving Tool in Physical Therapy and Rehabilitation Medicine. Physical Therapy, 2002;82(11): 1098-1107;

Spruit MA, Wouters EFM. Organizational aspects of pulmonary rehabilitation in chronic respiratory diseases. Respirology. 2019 Sep;24(9):838-843

WHO. ICF Browser. Disponível em: https://apps.who.int/classifications/icfbrowser/