GAE do IPC lança Mentorado de Pares para apoiar os estudantes na integração
Projeto piloto vai iniciar no segundo semestre e tem como objetivos principais facilitar a adaptação/ integração dos novos estudantes, nomeadamente os deslocados e estrangeiros, promover o grau de motivação e detetar precocemente problemas e diminuir a sensação de anonimato
O ingresso no ensino superior é um momento de grande entusiasmo para o estudante, mas esta transição e as mudanças que ela precipita representam para ele uma potencial fonte de stresse. Para muitos destes jovens frequentar este tipo de ensino significa, pela primeira vez, sair de casa dos pais, gerir dinheiro, partilhar espaços, criar uma nova rede de amigos e enfrentar novos desafios curriculares, novos métodos de ensino, novas aprendizagens, exigindo do jovem um conjunto diverso de competências muitas vezes ainda em desenvolvimento. Competências essas, não só académicas, mas também competências individuais que lhes permitam ser mais resilientes, lidar melhor com a mudança e ter sucesso.
É neste contexto, e como facilitador de todo este processo, que surge o Programa de Mentorado de Pares do Gabinete de Apoio ao Estudante (GAE) do Politécnico de Coimbra como medida de apoio, não só à transição/integração, mas também à manutenção do estudante no Ensino Superior. Segundo Lucília Gonçalves, psicóloga dos Serviços de Apoio Social do Politécnico de Coimbra (SASIPC), este programa constitui um “sistema de interajuda em que os jovens que já estudam no IPC facilitam a entrada dos estudantes recém-chegados”.
O Programa de Mentorado tem assim como objetivos principais facilitar a adaptação/integração dos novos estudantes, nomeadamente os deslocados e estrageiros, promover o grau de motivação e detetar precocemente problemas e diminuir a sensação de anonimato.
Este Programa privilegia três áreas de intervenção distintas: a social (acolher), a institucional (integrar) e a pessoal (acompanhar). Desta forma, o mentor acompanha o estudante durante todo o seu percurso académico procurando dar respostas às necessidades resultantes da entrada no Ensino Superior, de modo a facilitar a sua adaptação académica, emocional e sociocultural, promovendo vivências académicas mais enriquecedoras e contribuindo assim para uma permanência mais saudável e duradoura na Instituição.
Lucília Gonçalves, psicóloga
Os mentores deste Programa são recrutados em regime de voluntariado, essencialmente do 2º ou 3º ano do curso e que frequentem os mesmos cursos de licenciatura. No caso de estudantes estrangeiros, os mentores são preferencialmente jovens que já tenham sido estudantes deslocados no âmbito dos Programas Sócrates/Erasmus. Os mentores são ainda acompanhados pelos Professores de Contacto que os conhecem e que facilitam a ponte entre discentes e docentes.
De acordo com Lucília Gonçalves, a fase experimental do Programa inicia-se no segundo semestre deste ano letivo (trata-se de uma experiência piloto), envolvendo os estudantes apenas de uma licenciatura em cada UOE, e destinado essencialmente aos estudantes do primeiro ano. O Programa irá ser implementado pela primeira vez, de forma mais abrangente, no início do ano letivo 2020-2021.
Desta forma, e sendo um Programa a implementar em todas as unidades orgânicas, o Projeto de Mentorado de Pares apresenta-se assim, pelas suas características transversais, como “um motor dinamizador” de todos os Gabinetes de Apoio ao Estudante (GAE) existente no IPC, afirma a psicóloga.
O QUE É O GABINETE DE APOIO AO ESTUDANTE (GAE)?
O Gabinete de Apoio ao Estudante (GAE) encontra-se implementado em cada uma das Unidades Orgânicas de Ensino do Politécnico de Coimbra, sob a égide dos Serviços de Ação Social do Politécnico de Coimbra (SASIPC), e tem por missão identificar as principais dificuldades inerentes ao processo de transição académica, visando uma adaptação bem-sucedida dos estudantes do Instituto Politécnico de Coimbra e a promoção do seu sucesso académico, desenvolvimento e bem-estar.
Com equipas compostas por assistentes sociais, psicólogas, estudantes e docentes, o GAE atua nos domínios do apoio social (bolsas de estudo, alojamento, alimentação e saúde), apoio psicológico (questões emocionais, interpessoais, reorientação vocacional), apoio pedagógico (dificuldades escolares, questões académicas) e apoio interpares (acompanhamento na integração, socialização).
O GAE congrega objetivos gerais, estes ao nível do apoio pessoal, social, académico, pedagógico e vocacional, e objetivos específicos, como por exemplo dar apoio técnico no processo de candidatura a Bolsa de Estudo e outros apoios sociais internos e externos ou às residências, apoiar os estudantes na sua integração psicossocial e auxiliá-los na gestão do tempo, na ansiedade face aos exames, nos métodos de estudo e em outros tipos de apoios psicopedagógicos, ou intervir em casos de possível abandono escolar.
Patrícia Almeida, assistente social
De acordo com Patrícia Almeida, assistente social dos SASIPC, ainda que todos os colaboradores de uma instituição de ensino (docentes e não docentes) devam prestar todo o apoio possível aos seus estudantes, esta é atualmente uma área de intervenção privilegiada dos Gabinetes de Apoio ao Estudante criados há sensivelmente um ano em todas as unidades orgânicas do IPC. O mesmo se pode referir em relação aos próprios estudantes, que nas suas relações com os pares são chamados a estar atentos a situações que revelem necessidades de apoio diverso, recorrendo, informando, apoiando e/ou encaminhando os seus colegas para os órgãos ou serviços próprios. “O lema “não deixar nenhum estudante sem apoio, conseguindo agir de forma a anteciparmos as dificuldades e necessidades de cada jovem, criando condições para a promoção do sucesso académico”, deverá ser o nosso principal foco de atuação”, refere a assistente social. Numa lógica de proximidade com cada realidade e com os e as estudantes do Politécnico de Coimbra, o Gabinete surge em cada UOE para permitir esta relação próxima que se acredita ser facilitadora da identificação de situações de alerta, merecedoras de uma intervenção em tempo útil.
Para Patrícia Almeida, o GAE tem uma “importância crucial” em diversos momentos e fases do ciclo de vida estudantil, quer seja no acolhimento, na integração, bem como em todo o processo de acompanhamento ao longo do percurso académico. “É fundamental que os estudantes saibam que, apesar da sua integração e bem-estar ser uma preocupação de todos, existe, ainda assim, um Gabinete que está permanentemente de “portas abertas” para os escutar e apoiar nos domínios em que atua”, conclui.